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– É verdade, – senhor Eduardo; – continuou Paulina como que adivinhando e respondendo ao pensamento de Eduar­do; – o primo Roberto breve vai se casar comigo... Coita­do! vai se casar com um cadáver; a cama do noivado há de ser um esquife... Paulina acompanhou estas palavras de um riso funéreo, que fez estremecer Eduardo; e deixou pender a cabeça.

– Mas esse seu primo será tão duro de entranhas, que queira assim sacrificá-la?

– Mas ele me quer tanto... desde criança...

– Fatalidade! eu também, d. Paulina, eu também, da outra vez que aqui estive, jurei a esse moço que nunca da minha parte poria o menor estorvo ao seu casamento...

– Jurou isso?... meu Deus!... não há esperança mais!... eu já dei-lhe o meu sim; e o senhor jurou-lhe o seu... não, ah! ah! ah!... como isto é engraçado!...

– Mas, d. Paulina, para salvá-la, para possuí-la, tudo devo tentar. Vou entender-me francamente com seu primo, dir-lhe-ei tudo sem rebuço, e se ele tem dignidade e nobreza de alma, deve desistir de sua pretensão, e me desobrigará do ju­ramento que lhe dei.

– Roberto?... duvido; tem por mim um amor furioso...