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Seriam três horas da tarde, quando se manifestou em Paulina esse novo acesso de delírio, que durou até a noite. Com a noite porém acalmou-se, e Paulina conversou placidamente com seu pai, com o padre e com Eduardo. Parecia reanimada; mostrou-se tão tranqüila e arrazoada; sua conversação foi tão cheia de senso e lucidez, que a todos encheu de esperanças. Assim esteve até perto da meia-noite conversando sossegada e distraída sem o mais leve indício de outro sofrimento que não fosse a nímia fraqueza. O resto da noite, ao que pareceu, pas­sou-a tranqüilamente adormecida.

Quando Paulina acordou era já dia. Mandou chamar seu pai, o padre e Eduardo. Logo que chegaram, perguntou se podia abrir a janela do seu quarto, pois estava com saudade do ar e da luz.

– Sem dúvida nenhuma, – respondeu o padre, – visto que não há vento, e o ar não está úmido nem frio; é mesmo conveniente renovar-se o ar deste quarto.

Estava uma manhã esplêndida. A janela do quarto de Paulina dava para o seu jardim, desse jardim, que outrora, em tempos mais felizes, ela cultivava com suas próprias mãos e que era o enlevo da sua solidão.

A bafagem de ar que entrou pela janela, inundou o quarto de um delicioso perfume de jasmins e flores