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como verá no sobrescrito.”

Por mais esforço, que fizesse Ribeiro para ocultar a sua perturbação durante a leitura, a mágoa e a consternação pin­tavam-se em seu rosto.

Paulina, que tudo estava observando, perguntou-lhe com a ansiedade:

– É carta do primo Roberto, não é, meu pai?


– Não, minha filha ;– respondeu o velho esforçando-se por mostrar-se tranqüilo; – é um simples recado de teu tio; não tem importância alguma; pede-me apenas que entregue imediatamente aquela carta ao senhor Eduardo, e pede-me notícias de tua saúde.

– Ah! meu pai!... meu pai!... quem sabe?... Vosmecê quer me enganar... e essa outra carta?... de quem é, senhor Eduardo?... leia, leia em voz alta... por favor, se não é algum segredo...

Eduardo, que acabava de decifrar não sem dificuldade os terríveis garranchos, que o infeliz Roberto com mão convulsa tinha traçado naquele papel, vendo que nenhum inconveniente havia na leitura daquela carta, que à exceção da última frase, – a qual envolvia um sentido sinistro, – continha uma lison­jeira notícia, que ele estava ansioso por comunicar a Paulina, leu em voz alta o seguinte: