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exclamou a índia, apenas pôs os olhos em sua filha. Esta também imediatamente reconheceu sua mãe, saltou-lhe ao colo, e nunca mais quis dei­xá-la.

José Luís ficou cheio de gosto e inquietação com o reapa­recimento da mãe de sua filha. Desta vez redobrou de cui­dados e precauções. Jupira sem que ela o soubesse, não andava sem uma sentinela à vista. Era um primo seu, um sobrinho de José Luís, por nome Carlos, e a quem todos chamavam Carlito, pouco mais velho do que ela, rapazinho vivo e esper­to como um diabrete. Não tendo podido parar no seminário em razão de seu gênio trêfego, indócil e insubordinado, fre­qüentava como externo a escola de primeiras letras, onde se havia muito mal. Entretanto era excelente para servir de companheiro de brinquedos e ao mesmo tempo de sentinela a sua prima durante o dia, porque de noite dormia ela fechada debaixo de chave em companhia da velha caseira de José Luís.

Todavia apesar de todas essas precauções, uma bela manhã Jupira não amanheceu em casa. Tinha arranjado modo de trepar pela parede, e como a casa era de telha-vã, isto é, sem forro no teto, descobriu um pedaço de telhado, saltou fora, e voou para as selvas em companhia de sua mãe.