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ao inimigo comum e mais forte, e seguiam e vigia­vam por toda a parte a formosa menina a fim de obstar a que o cacique lograsse seus intentos. Assim Jupira sem que­rer e sem o pensar tinha sempre ao pé de si uma escolta ativa e vigilante para a defender contra qualquer tentativa violenta de seu sanhudo amante, como sói acontecer entre as brutas alimárias, pouco acima das quais se achavam aqueles selvagens na categoria dos entes. Baguari era valente e terrível; membru­do e robusto como a anta, ágil e veloz como a onça, já tinha sufocado nos braços um dos seus rivais, e traspassado o cora­ção a outro com uma flecha, por terem ousado disputar-lhe abertamente a posse da formosa Jupira. Mas era só e detes­tado por todos, e eram muitos contra ele. Por isso também da parte dele havia constrangimento e receio.

O tronco do ipê já se tinha de novo toucado de seus tufados cachos de flores amarelas. Baguari que conforme a pro­messa de Jurema, estava esperando com impaciência aquela quadra, foi ter com ela, e disse-lhe: – Olha, Jurema, o ipê já está florescendo. É tempo de cumprires a promessa que me fizeste, e entregar-me tua filha.

– Ah! minha mãe! minha mãe! dá-me antes a um sucuri, – exclamou Jupira, atracando-se com a mãe.

– Jupira, – disse Jurema para sua filha, – olha que Baguari