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e começa também a piar, imitando-os com toda a perfeição. O jaó acudindo àquele chamado, que cuida ser de algum de seus companheiros, vem se aproximando, descobre-se, e então o caçador atira-lhe ou flecha-o muito à vontade.

Jupira, que era habilíssima neste manejo foi se escon­der e começou a responder ao jaó. Mas este em vez de apro­ximar-se, ia-se afastando aos poucos, e piando cada vez mais ao longe. Jupira piando sempre e mudando de esconderijo em esconderijo o foi acompanhando, sem nunca conseguir avis­tá-lo, entranhou-se a uma grande distância pelo capão adentro. O sol já era entrado, e as sombras do crepúsculo começavam a escurecer a floresta; Jupira desanimada ia já voltando, quan­do sentiu pelas costas mão de ferro agarrar-lhe o ombro, e uma voz medonha bradou-lhe – Jupira, agora és minha!– Era Baguari que usara daquela negaça para atrair Jupira e arredá-la dos seus. Assim a pobre menina cuidando ser a caçadora era a caça, que vinha descuidada cair nas mãos de seu feroz perseguidor.

Jupira deu um grito de terror; mas o cacique levou-lhe imediatamente a mão à boca, e nem os companheiros dela po­deriam ouvi-la, na distância em que se achavam. Viu que ne­nhum partido poderia tirar da resistência, e procurou aplacar o seu feroz agressor.