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dentes um pouco aguçados como os dos carnívoros, e seu sorriso tinha singular e indefinível expressão de ingenuidade e de selvática fereza. A todos esses encantos, a todas essas linhas e voluptuosas formas, servia como de brilhante invólucro a tez de uma cor original, um róseo acaboclado, como que dourado pelos raios do sol, que dava peregrino relevo à sua linda figura.

Quando ia à missa aos domingos, na pequena capela do seminário todos os olhos voltavam-se para a interessante cabocla, todos a contemplavam sorrindo com o mais curioso interesse e complacência. Até mesmo os seus gestos e adema­nes um pouco estouvados, o ar desajeitado e constrangido, com que vergava as suas vestiduras, tudo nela parecia galante, e encantador.

Se bem que na pia batismal tivesse recebido o nome de Maria, os moradores de Campo Belo conservavam-lhe sempre o seu nome indígena de Jupira, por acharem-no mais galante e entenderem que lhe assentava melhor.

É escusado dizer, que não faltaram apaixonados àquela tão sedutora quão peregrina formosura. Mas como já corria pela aldeia a história da morte do cacique que às mãos da frágil menina pagara com a vida a sua audácia, os amantes de Jupira tinham-lhe certo respeito, e não a requestavam senão com certa