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timidez e reserva, se bem que nenhum deles ti­vesse intenção de lançar-lhe mãos violentas. Mas aquele epi­sódio de sua vida rodeando-a de um terrível prestígio servia-lhe de salvaguarda, e de broquel contra qualquer desacato ao seu pudor.

Entre os amantes de Jupira o mais assíduo, ardente e apaixonado, e talvez também o mais guapo, o mais rico e considerado de todos, era um mancebo por nome Quirino, filho de um abastado fazendeiro daqueles arredores. Era um rapagão alto e bem disposto, de barba cerrada e negra, e pupila ardente e viva, em que transluzia todo o fogo de sua alma capaz de todos os extremos.

Quirino amava, não como se ama na cidade, onde se namora muito e ama-se quase nada, mas como se ama no sertão, em meio da solidão, debaixo daqueles céus ardentes, no seio daquela natureza esplêndida: amava com paixão, com fogo. Quirino freqüentava assiduamente a casa de José Luís, onde cercava a rapariga de mil atenções, obséquios e adorações, sem que ela nem de leve se mostrasse sensível a tantas demonstrações de afeto, por mais que ele empregasse todos os meios ao seu alcance para ganhar-lhe o coração. A princípio nem lhe passava pelo pensamento casar-se com uma pobre cabocla filha de uma gentia e criada nos matos.