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Porém quanto maior era a insensibilidade e esquivança de Jupira, mais ardente se tomava a paixão do rapaz, e mais se lhe atiçava o desejo de possuí-la; estava disposto a empre­gar todos os meios, a fazer todos os sacrifícios para esse fim.

Como Jupira tratava todos os outros amantes com a mesma indiferença e talvez pior do que a ele, Quirino entendeu que toda aquela insensível esquivança não era senão resul­tado dos poucos anos e da selvática timidez e acanhamento da rapariga, e esperava que de modo nenhum ela recusasse uma proposta de casamento com um moço como ele era, bem apessoado, rico e de boa família. Depois de ter lutado em vão por vencer a obstinada indiferença da menina, era aquele o seu último recurso. Uma vez casado mais fácil lhe seria catequizá-la e ganhar-lhe a vontade e o coração.

Demais, já esse casamento não lhe parecia tão ridículo e desigual, pois Jupira era filha legítima de José Luís, e José Luís empregado do seminário, tinha adquirido alguns bens de fortuna, e era homem que gozava de respeito e considera­ção no lugar. Quirino pois, não hesitou mais um instante, e foi pedir-lhe a mão de sua filha.

José Luís acolheu com infinita satisfação a proposta do mancebo; não podia desejar melhor partido nem