de seu coração. Quirino criou alma nova e encheu-se de esperanças.
– Bem dizia eu! – pensava ele consigo. – Era uma criança arisca e medrosa e nada mais; mas isso não podia durar sempre... já vai chegando à fala; não tardará muito a cair-me nos braços.
Jupira já não podia duvidar da deslealdade de Carlito. Todavia, ainda algumas dúvidas lhe pairavam por vezes no espírito; era uma ligeira sombra de esperança, que a triste afagava em seu coração; desejava convencer-se por seus próprios olhos, queria uma prova bem positiva da aleivosia de Carlito. Se em seus amores era livre como a brisa do deserto, consideração nenhuma a podia tolher nos violentos acessos de seu feroz ciúme. Como a onça esfaimada rodela e espia o nédio e tenro veado, que descuidado vagueia por bosques e campinas, até lançar-lhe as garras, assim Jupira espiava com olhar cioso todos os passos de seu volúvel amante, acompanhava-o sem ser vista, conhecia-lhe o rasto, e em seu instinto selvático quase que o farejava.
Carlito bem o pressentia, e por mais desvios que procurasse, por mais que tentasse ocultar seus passos, não podia escapar às vistas penetrantes, ao instinto advinhador de sua ciosa amante. Esta espionagem o fatigava e aborrecia, dando lugar a