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queixas e arrufos cotidianos, e, quando se achavam juntos, em vez de se afagarem e beijarem-se como outrora, não faziam senão brigarem, arranharem-se e morderem-se como dois gatos-do-mato.

Esse constrangimento, em que o temível ciúme de Jupira colocava o pobre rapaz, ainda mais lhe atiçava o desejo de estar com a sua alva e meiga Rosália. Posto que sua afeição pela cabocla estivesse quase de todo extinta, não sei por que ela exercia sobre seu espírito um poderoso e terrível ascendente, e ele ainda que com medo e repugnância mesmo, vinha sempre rojar-se aos pés dela. Dir-se-ia que ela tinha o poder de fascinar como a cobra.

Já havia quatro ou cinco dias, que Carlito não fazia uma visita à casa de Genoveva e não via Rosália, com medo de Jupira, que o espreitava lá de sua janelinha, ou lhe seguia a pista sutil e sorrateira como a jaguatirica. [1] Por fim não pôde mais ter-se, e rebelando-se resolutamente contra aquele aperreamento, em que vivia, encaminhou-se franca e impavidamente para a casa de Rosália.

– Não faltava mais nada! ia ele rosnando pelo caminho. – Eu ter medo daquela caboclinha, como se fosse mi­nha mãe ou minha senhora- moça!...

  1. Pequena onça; ou grande gato silvestre.