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moço; se era grande o amor, maior é o ódio que hoje lhe tenho. Tinha vontade de ver varado a facadas aquele mal­dito e pisá-lo debaixo dos pés... ah! se eu pudesse virar-me em onça para estrafegá-lo entre meus dentes e chupar-lhe todo o sangue do coração!... mas o senhor quer o meu amor?... quer que eu seja para sempre sua?...

– Ah! não me pergunte; para tê-la um só instante nos meus braços, eu daria mil vidas, que tivesse.

– Não é preciso que perca a vida; basta tirá-la a outro.

Quirino estremeceu e fez um gesto de horror; espantava-o ver em tão terna idade aquela fria ferocidade e sede de vingança.

– Tem medo, moço?... ah! pensei que era homem...

– Medo eu?... fale, Jupira; o que quer que eu faça?

– Pois não me entende?...

– Talvez não; fale claro, disse o mancebo, ainda duvidando do que estava ouvindo.

Jupira tirou tranqüilamente a faca que tinha no seio, e a apresentou a Quirino.

– Carlito me desfeiteou, me atraiçoou, e eu não tive e nem sei se terei ânimo de o matar... entretanto,