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A capelinha, a que nos referimos, tinha também junto a si o seu terreno sagrado, cercado de muro de pedra, e com uma cruz no meio, e era ali, que os fazendeiros daqueles con­tornos mandavam enterrar os seus defuntos, para se forrarem ao trabalho de mandá-los viajar dezenas de léguas levando-os aos povoados onde houvesse cemitérios sagrados. Esta, porém, não foi erigida especialmente para esse fim, como se verá pelo decurso desta história.

Do alto da capelinha enxergava-se em distância de cerca de meia légua em um aprazível vargedo a fachada denegrida arruinada de uma grande fazenda, com seus vastos currais, sen­zalas, moinho e engenho de cana, mas tudo a desmoronar-se, tudo abafado entre o matagal, que começava a tomar conta do terreno com a vigorosa e luxuriante vegetação, que há naquelas regiões. A fazenda achava-se situada ao pé de um lançante entre duas vertentes orladas de filas de coqueiros chamados buritis, cujas linhas se perdiam na imensidade dos horizontes como fileira de guerreiros selvagens postados em ordem de batalha ao longo dos chapadões. As terras de cultura ou matos de plantio eram mais longe, nas escuras matas, que acompanham as margens de um ribeirão, que vai desaguar no Rio das Velhas.

A algumas centenas de passos além da capelinha