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havia à beira do caminho uma cruz de pau toscamente lavrado, e via-se claramente que ali havia uma sepultura. Existindo ali tão perto uma capela e um recinto sagrado para se enterrarem os mortos, por que razão fora ali sepultado aquele corpo, assim segregado dos outros hóspedes do túmulo?

Aquele lugar tinha reputação de mal-assombrado, e agente daqueles contornos, que bem sabe disso, evita o mais que pode passar por ali depois de noite fechada. Um, que por desgraça teve de passar por lá a desoras, quase que lá ficou morto de medo fazendo companhia ao enterrado. Con­tou, que vira sobre a sepultura levantar-se um fantasma mons­truoso, o qual depois de exalar um gemido prolongado e lamen­toso como o uivo de um cão, arrebentou dando um estouro como de um tiro, e desmanchou-se em línguas de fogo vivo, que passearam por algum tempo por cima da sepultura, e sumiram-se um momento depois.

Se o leitor deseja saber que acontecimentos deram lugar ao abandono daquela linda fazenda, e qual o mistério que encerram aquela sepultura e aquela capelinha, leia a seguinte história, que há tempos me foi contada por um morador daquelas paragens, e que eu tratarei de reproduzir com toda a fidelidade e individuação, que a memória me permitir.