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agulha, bastavam para encher-lhe agradavelmente o tempo.

Havia já alguns minutos que Paulina se achava à entrada do rancho entretida naquele serviço, quando subitamente ergueu a cabeça, sacudiu para trás os compridos cabelos, alongou o colo, e pôs-se a escutar... fazia lembrar o esbel­to e arisco colhereiro, que estando a pescar tranqüilamente à borda do lago, ao sentir qualquer rumor alça o colo rosado prestes a bater as asas.

Paulina estava escutando um toque de cães de caça, que vinham descendo pela mata, córrego abaixo, com incrível assanhamento. Os latidos dos cães e a vozeria dos caçadores, que os açulavam, se aproximavam rapidamente atroando a floresta, e era evidente que o animal, fosse qual fosse, que era acos­sado, vinha acompanhando o córrego, e tinha de saltar no roçado exatamente em frente do rancho, em que se achava Paulina. Ela, posto que algum tanto afeita a essas cenas selváticas, não deixou de amedrontar-se, e correu para dentro do rancho.

– Suzana! Suzana!... gritou ela para a negra, – não ouves?... aquele toque de cachorros?... meu Deus! não vá ser algum bicho bravo!...

– He! ha! santa virgem! murmurou a negra depois de chegar à porta do rancho e escutar um