embuçar céu e terra em nossas montuosas e tristonhas regiões. Quando é chegada a estação das chuvas, as águas se precipitam do céu em violentas borrascas entre o estampido de horrorosas trovoadas; ao estouro de mil raios parece que a esfera abraseada rompe-se em estilhaços, e se despenha sobre a terra. A copiosa e grossa chuva em pouco tempo rega e lava os espigões, alaga as várzeas, e converte os menores ribeiros em torrentes caudalosas. Mas dura pouco aquela convulsão dos elementos; o mesmo tufão que trouxe a tempestade a varre em breve do firmamento, e o sol torna a dominar em toda a amplidão da esfera azul e resplendente.
Debaixo daqueles céus ardentes, em meio daqueles plainos infindos tão cheios de encantadoras perspectivas, cobertos de tão opulenta vegetação e banhados de tanta luz, parece que a imaginação se inflama ao reflexo daqueles horizontes de fogo, e o coração nutre-se de uma seiva de amor e voluptuosidade, que o faz pulsar com mais força, sentir com mais energia. A índole do homem ali é plácida e calma na aparência como o céu, que o cobre, mas no fundo é ardente de sentimento e de paixão. O sopro das paixões lhe ruge n’alma violento e tormentoso como os pavorosos temporais que atroam aquelas solidões.