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– Porque não puderam – respondeu Eduardo. – Mas se teimam em querer dar-me um sinal de gratidão, basta-me o couro da bicha. Hei de trazê-lo sempre comigo com orgulho como um troféu, a menos que a senhora, – acrescentou vol­tando-se para Paulina, – não o queira para si a fim de pou­sar triunfante os seus mimosos pés sobre os restos do medonho animal, que tão grande susto lhe causou.

– Com bem pouco se contenta, disse o fazendeiro.

– Com isso e com a sua amizade, sr. Ribeiro, eu me julgo muito bem pago, e com a íntima satisfação que me fica n’alma por ter sido útil em um dia de minha vida à sra. d. Paulina.

Estas lisonjeiras palavras ditas com toda a graça e afabilidade, mas em tom de cortesia, não agradaram muito a Pau­lina, a qual quisera que o moço exigisse em paga mais alguma coisa, pois estava pronta a dar-lhe ou antes já lhe tinha dado todo o seu amor. Decerto ela não queria que o moço lhe fizesse ali de chofre uma declaração de amor, mas notou com mágoa íntima, que o mancebo proferiu aquelas corteses palavras quase sem emoção alguma e sem ao menos olhar para ela, o que causou-lhe uma horrível impressão de despeito e desalento. Retirou-se para o canto mais escuro do aposento para