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esconder a sua perturbação e uma lágrima teimosa, que lhe queria vir aos olhos.

– Ora bolas! – exclamou estouvadamente o primo Roberto, já escandalizado com a prima, e cioso da importân­cia e deferência de que Eduardo era objeto. Não vejo de que estão fazendo tamanho escarcéu, pois o que é lá matar uma onça?... eu cá tenho matado mais de uma, e nem por isso ando a me gabar.

– Não digas tal Roberto! – atalhou o velho, – matar uma onça não é lá grande coisa; também eu as tenho matado e muitas. Mas afrontar o perigo, que o sr. Eduardo arrostou para salvar duas criaturas, é uma ação valorosa e nobre, de que nem todos são capazes.

– Também se ele não a matasse, eu teria dado cabo dela, como tenho dado de muitas outras, tão certo como nós estarmos agora aqui. Que me custava?... a minha espingarda não nega fogo, e, minha mão, louvado seja Deus, não treme ainda, e quando atiro em um bicho destes, não atiro nas costelas, e em todo o caso a prima sempre aqui estaria tão viva e tão sadia como agora aqui se acha.

– Pois bem, senhores – retrucou Eduardo já agoniado com as toleimas do primo e com um sorriso sardônico – façamos de conta, que foi o sr. Roberto, quem matou