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paixão. O primeiro amor que lhe entrasse na alma, devia decidir por uma vez de sua sorte futura, e torná-la para sempre feliz, ou eternamente desventurada.

Enfim aquele vago de emoções, em que lhe ondeava o espírito perdido em cismas melancólicas, aquele anelo de uma felicidade ignota, que lhe fazia ofegar intumescido o seio num doce e indefinível anseio, achou um objeto em que fixar-se, deparou a encarnação do seu ideal; concentrou-se em Eduardo.

Se bem que até ali não tivesse descoberto nem nas palavras nem nos olhares de Eduardo o menor sintoma de amor, todavia nem lhe passava pelo espírito a idéia de que pudesse deixar de ser amada por ele mais tarde ou mais cedo, – cre­dulidade e confiança muito natural naquela alma ingênua e inexperiente, que no enlevo e exaltação de seu afeto acreditava que aquele mancebo não podia ter aparecido a seus olhos tanto a propósito e em tão extraordinária situação, senão expressamente enviado pelo céu para ser seu companheiro e protetor, seu anjo tutelar durante toda a sua existência.

Paulina era bonita, muito bonita, e posto que nada tivesse de vaidosa, nem de faceira, tinha plena consciência de sua incomparável formosura. Não era só no espelho, que se fiava; a impressão de assombro,