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agradecimento, e um sorriso, mas tão frio, tão repassado de melancolia, que não podia fazer desabrochar muita esperan­ça no coração do infeliz rapaz.

Roberto trincava de raiva e desesperava-se por não poder vencer a cruel apatia, em que para com ele se achava o cora­ção de Paulina, e lançava mão de todos os recursos que seu fraco bestunto lhe sugeria. Por fim procurou vencê-la com dádivas e presentes. Uma rica e grossa cadeia de ouro, em que trazia preso o seu relógio, pediu-lhe que aceitasse em penhor de sua amizade, e firmeza. Ofertou-lhe mais uma linda e excelente besta de sela, além de muitos outros mimos delica­dos e de preço. Dádivas quebrantam penhas, e “a Deus rogan­do e com la mano dando”, tinha ele talvez ouvido dizer senão ao próprio Sancho Pança, ao menos a algum de seus confra­des. Importunada para aceitar, Paulina via-se em torturas para recusar semelhantes donativos de um modo que o não desgostasse. Pobre amante! infeliz pretendente! disputava com admi­rável ardor e tenacidade a posse de um coração, e como não era repelido terminantemente em termos claros e rudes, em sua simplicidade não compreendia quanto era completa a sua derrota.

Mas Paulina também, coitada! era porventura mais feliz do que ele? É verdade que Eduardo mostrava com ela