o mais terno interesse, e a tratava sempre com a mais lisonjeira deferência. Nem outra coisa se poderia esperar de um moço polido e de fina educação, e Paulina atraía as homenagens e a admiração de todos que a viam. Todavia era ela bastante inteligente e perspicaz para deixar de compreender que nem nas expressões nem nos olhares de Eduardo, nem em toda aquela afeição, aliás íntima e sincera, que o mancebo revelava por ela, não havia a mínima centelha de amor. Notava com extremo desgosto que Eduardo andava sempre distraído e pensativo, que seus olhos andavam sempre passeando ao longe, e como querendo transpor as distâncias com o pensamento. A conversação de Eduardo rolava freqüentemente sobre lembranças de sua terra, da qual se mostrava extremamente saudoso, e dando-se por feliz por ter sido como um instrumento da Providência para proteger a vida de Paulina, não deixava de lastimar o incômodo, que viera atrasar seus negócios, e retardar sua volta ao país natal. Um cruel desalento, uma tristeza mortal se apoderava então do coração da moça; mas como a esperança é a última companheira que nos abandona no infortúnio, ela procurava iludir suas tristes apreensões, e pensava consigo: