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sua prima, esqueceu-se de sua cólera, e em vez de avançar para Eduardo, correu a acudi-la. Assim por um estranho capricho do acaso, que também parecia zombar do infeliz rapaz, achou este mudado o seu papel no momento em que entrava em cena, e forçoso lhe foi aceitar a mudança. Em dois saltos colocou-se junto a Paulina, e protegendo-a com o corpo, e a pontapés esparro­dava para um lado e para outro o gado, que corria de tropel para o lado dela. Eduardo também, apesar de sua fraqueza, lançando mão de um ferro, que arrancou do carro, saltara para junto de Paulina. Afugentado que foi o gado, e passado aquele incidente, Roberto achou-se em presença de sua prima e de Eduardo na mais estranha e esquerda situação, que imagi­nar-se pode. Estes de sua parte nem por sombra podiam des­confiar qual tinha sido a sua primeira e sinistra intenção, pois que na triste disposição de espírito em que se achavam, nem tinham visto donde ele surgira, e estavam na persuasão que ele ali se apresentara no único intuito de acudir a Paulina. Esta com voz trêmula e com um sorriso forçado, lhe rendia os devidos agradecimentos.

– Deus lhe pague, meu primo; o senhor é um valente; se não fosse o senhor, esses malditos bois me teriam esma­gado... ah! meu Deus! – acrescentou