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ao embaraço do pobre rapaz e adivinhando-lhe o pensamento. Juro-lhe pelas cinzas de meu pai, que sinto pela sra.d. Pauli­na muita afeição, mas que esta afeição em nada se parece com amor; e juro-lhe também, que nunca em dias de minha vida porei o menor embaraço, nem servirei de estorvo por qualquer modo que seja ao seu amor, e ao seu futuro casamento com ela. Bem sabe que sou paulista, e quando um paulista jura... nem é preciso jurar; basta dar sua palavra, nem que lhe cortem a cabeça, é capaz de faltar a ela.

– Muito bem!... viva isso, meu amigo!... assim é que eu gosto de homem. Toque aqui, havemos de ser sempre amigos... E adeus! não quero aborrecê-lo mais. Boas-noites.

Já era noite fechada. Eduardo recolheu-se a seu quarto cada vez mais firme na resolução de retirar-se o mais breve que lhe fosse possível daquela casa, onde o acaso o havia conduzido para ser sem o querer a chave do enlace de um drama, cujo desfecho poderia ser fatal.

Quanto a Roberto, esse respirava enfim desafogado, com o espírito livre do pesadelo que o perseguia, isto é ciente de que um homem como era o senhor Eduardo, de tanto mérito e galhardia, longe de ser seu rival morria de amores por outra.