que uma longa ausência lhe fizera esquecer, não deixava de o impressionar imensamente.
De quando em quando chegavam aos seus ouvidos urros longínquos, de alguma fera que vagueava na solidão. Outras vezes eram aves noturnas, que soltavam ao perto os seus pios tristonhos. Os grilos, e também as rãs e os sapos formavam o coro daquela ópera do sertão, que o nosso herói admirava decerto, mas à qual preferia indubitavelmente a ópera cômica.
Assim esteve longo tempo, cerca de duas horas, deixando vagar o seu espírito ao sabor das saudades, e levantando e desfazendo mil castelos no ar. De repente foi chamado a si pela voz do Soares, que parecia vítima de um pesadelo. Afiou o ouvido e escutou estas palavras soltas e abafadas que o seu companheiro murmurava:
— Isabel... querida Isabel... Que é isso?... Ah! meu Deus! Acudam!
As últimas sílabas eram já mais aflitas que as primeiras. Camilo correu ao companheiro e fortemente o sacudiu. Soares acordou espantado, sentou-se, olhou em roda de si e murmurou:
— Que é?
— Um pesadelo.
— Sim, foi um pesadelo. Ainda bem! Que horas são?
— Ainda é noite.
— Já está levantado?
— Agora é que me vou deitar. Durmamos que é tempo.