— Amanhã lhe contarei o sonho.
No dia seguinte efetivamente, logo depois das primeiras vinte braças de marcha, referiu Soares o terrível sonho da véspera.
— Estava eu ao pé de um rio, disse ele, com a espingarda na mão, espiando as capivaras. Olho casualmente para a ribanceira que ficava muito acima, do lado oposto, e vejo uma moça montada num cavalo preto, vestida de preto, e com os cabelos, que também eram pretos, caídos sobre os ombros...
— Era tudo uma escuridão, interrompeu Camilo.
— Espere; admirei-me de ver ali, e por aquele modo, uma moça que me parecia franzina e delicada. Quem pensava o senhor que era?
— A Isabel.
— A Isabel. Corri pela margem adiante, trepei acima de uma pedra fronteira ao lugar onde ela estava, e perguntei-lhe o que fazia ali. Ela esteve algum tempo calada. Depois, apontando para o fundo do grotão, disse:
— O meu chapéu caiu lá embaixo.
— Ah!
— O senhor ama-me? disse ela passados alguns minutos.
— Mais que a vida!
— Fará o que eu lhe pedir?
— Tudo.
— Bem, vá buscar o meu chapéu.