to de S. Francisco em Setubal, e lhe denunciou os conspiradores, recebendo em troca uma larga mercê, que a morte, devida talvez a peçonha mandada propinar pelos denunciados, lhe não deixou gozar.
D. João II recebeu outra denúncia por D. Vasco Coutinho, a quem seu irmão D. Guterres pozera ao facto da conspiração. D. Vasco arrecadou em premio o condado de Borba, importando-se pouco com perder o irmão, que veio a acabar preso na torre de Aviz.
Quando Fernão da Silveira teve conhecimento d'esta delação, e da explosão da colera do rei para com o duque de Vizeu, exclamou:
—Soube D. Vasco aguçar os pescoços!
Foi, como se sabe, em Setubal que D. João II quiz por suas proprias mãos fazer justiça no duque de Vizeu. E comquanto emprehendesse esmagar a conspiração na pessoa dos chefes, não se esqueceu o rei de outros conspiradores menos qualificados. Enviou officiaes a casa de Fernão da Silveira para que o prendessem. D. João II sentia-se profundamente indignado contra o seu escrivão da puridade, que desde pequeno creára no Paço, pelo que lhe ficára o appellido de Moço, honrando-o e agasalhando-o na côrte, onde o casára com D. Brites de Sousa, filha de João de Mello, alcaide-mór de Serpa.
Os officiaes foram, e não acharam Fernão da Silveira. Encontraram apenas uma barjoleta com muitos cruzados, que lhe havia confiado o duque de Vizeu para occorrer ás despezas da conspiração.