MAXIMILANO EM PORTUGAL
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pectaculo maravilhoso do Vesuvio, quando em erupção; poderá ainda ser inferior á bahia do Rio de Janeiro com as suas grandes massas montanhosas, o Pão de assucar, o Corcovado, a Tijuca, ao fundo a Serra dos Orgãos, e com as suas ilhas numerosas e sorridentes. Não discutimos primazias pueris. Mas a bahia do Tejo é de uma belleza ampla e suave, de uma vastidão harmonica e dôce, que seguramente a torna uma das mais bellas do mundo.

O Tejo teve a infelicidade de ser visto por Maximiliano n'um dia brumoso e triste, que prejudicava os tons quentes e brilhantes dos paizes meridionaes. Não sei se o ceu de Lisboa é menos azul que o de Napoles, tão gabado; mas o que sei é que, nos dias claros, o nosso firmamento é de uma doçura de saphyra incomparavel, de um azul doirado que satisfaz plenamente as nossas almas de meridionaes.

Maximiliano estranhou a falta de arvoredo, mas, por Deus! não faltam arvores no conjunto panoramico de Lisboa, vista do Tejo. É verdade que é núa e arida a serra de Monsanto, pedregoso o corucheu da serra de Cintra, mas que opulencia de vegetação no pendor e na base d'esta serra famosa! E o arvoredo da Tapada da Ajuda? E o da cêrca das Necessidades? E ainda o do cemiterio dos Prazeres? E as manchas verdes com que tantos jardins particulares cortam a brancura alegre da casaria? Decididamente, o archiduque Maximiliano teve um mau dia de chegada, escuro e melancolico.

Mas o que eu admiro são as suas saudades pelo