nossa gloria maritima. Fôra o mar que soluçára em torno do seu athaude o primeiro cantico funebre, fôra o mar que, marulhando nos muros da cidadella, viera receber o seu espirito para o restituir a Deus.


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Antes de entrar definitivamente no sarcophago de S. Vicente de Fóra, este rei marinheiro devia, se podesse resuscitar, querer descançar alguns dias no templo dos Jeronymos,—esse bello navio de pedra, ancorado na gloriosa praia do Rastello, d'onde Vasco da Gama partira. Fizeram-lhe a vontade, adivinharam-lhe os desejos. Deram-lhe, por uma semana, a melhor companhia que podia lisonjear o seu espirito. Alli jazem, se a nossa fé nos não atraiçoa, as cinzas do proprio Vasco da Gama, o primeiro almirante do mar das Indias, e de Luiz de Camões, o Homero de toda a vasta epopêa maritima no seculo aureo de Portugal.

E na sua capella silenciosa e monumental alli jaz Alexandre Herculano, o ultimo grande historiador das glorias de Portugal, o ultimo varão forte d'essa extincta raça de chronistas, que principiou em Fernão Lopes e se continuou em Azurara, Pina, Castanheda, João de Barros e Goes.

Para um rei como D. Luiz I, que amou o seu paiz na tradição mais saliente dos fastos nacionaes, nada poderia completar melhor a sua physionomia historica