tenho um filho que sempre tenho amado, e peza-me que elle haja de arrastar na sociedade a infamia com que o tyranno enlameou protervamente o meu nome. Outro filho tenho... é o teu, é o nosso, Izabel, e d'esse me peza duplamente, porque só póde ser meu filho para compartir da deshonra do pai com o irmão.
Izabel Rodrigues acudia com palavras carinhosas a desviar-lhe o espirito para menos lastimosos pensamentos, mas o conspirador quedava-se triste, calado, dando a perceber que continuava mentalmente os raciocinios que a manceba meigamente pretendêra interromper.
No dia 8 de dezembro, Fernão da Silveira lembrára-se saudosamente de Portugal, recordando com grande nitidez de memoria muitos episodios da sua vida da côrte. Izabel Rodrigues tentou distrahil-o; e como no céo, anteriormente caliginoso, se fossem rasgando clareiras azues, lembrou-lhe que sahisse a passeio.
Dos labios do conspirador escaparam em resposta estas palavras presagas:
—Sahir! Procurar a morte!
Mas como se de subito se envergonhasse da sua fraqueza, disse a Izabel Rodrigues que sahiria.
Lembrou ella que levasse comsigo o filho, que bem podia attrahir-lhe a attenção para as suas graças infantis.
Fernão da Silveira sahiu, e levou o filho.
Foram, caminho fóra, conversando os dois.
Obedecendo á teimosia dos seus pensamentos,