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HISTORIAS DE REIS E PRINCIPES

torgou-lhe lhe os rendimentos outr'ora destinados ao thesouro pontificio.

Como alguns catholicos permanecessem firmes na sua antiga crença, e não quizessem jurar, foram presos e executados: entre outros João Fisher, bispo de Rochester, e o chanceller e escriptor Thomaz Moore, a quem Erasmo dedicou o Elogio da loucura, e que fôra, junto de Henrique VIII, o successor do cardeal de Wolsey.

Tambem quiz o rei obrigar a rainha Catharina e os seus fieis criados a reconheceram por juramento Anna Boleyn como rainha, e elle como chefe da igreja anglicana. Catharina de Aragão recusou-se dignamente, mas não queria sacrificar os criados. Elles limitaram-se a jurar que o rei se tinha feito cabeça da igreja, negando-se porém terminantemente a reconhecer Anna Boleyn como rainha de Inglaterra.

Roma fulminára terriveis excommunhões contra Henrique VIII. Paulo III, como já havia feito Clemente VII, anathematisára o rei de Inglaterra, citando-o a comparecer perante o tribunal de Roma.

Mas o rei Henrique fez ouvidos de mercador, e ordenou que a filha de Anna Boleyn, que veio depois a reinar com o nome de Izabel e o cognome de Virgem (que virgem!) fosse jurada princeza de Galles, sendo declarada bastarda madama Maria, que tambem foi rainha, filha de Catharina de Aragão.

Desde que na rua de Cheapside a rainha Anna tinha arrecadado a bolsa com as mil libras sterlinas, que lhe dera a cidade de Londres, ficou-se sabendo