filhos; tinha-lhes um amor de mãe; e tal era a concordancia da pessoa com o meio, que ella saboreava os trastes na posição occupada, as cortinas com as dobras do costume, e assim o resto. Uma das tres janellas, por exemplo, que davam para a rua vivia sempre meia aberta; nunca era outra. Nem o gabinete do marido escapava ás exigencias monotonas da mulher, que mantinha sem alteração a desordem dos livros, eaté chegava a restaural-a. Os habitos mentaes seguiam a mesma uniformidade. Marianna dispunha de mui poucas noções, e nunca lêra se não os mesmos livros:--a _Moreninha_ de Macedo, sete vezes; _Ivanhoe e o Pirata_ de Walter Scott, dez vezes; o _Mot de l'enigme_, de Madame Craven, onze vezes.

Isto posto, como explicar o caso do chapéo? Na vespera, á noite, emquanto o marido fôra a uma sessão do Instituto da Ordem dos Advogados, o pae de Marianna veiu á casa d'elles. Era um bom velho, magro, pausado, ex-funccionario publico, ralado de saudades do tempo em que os empregados iam de casaca para as suas repartições. Casaca era o que elle, ainda agora, levava aos enterros, não pela razão que o leitor suspeita, a solemnidade da morte ou a gravidade da despedida ultima, mas por esta menos