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HORTO

Minhas saudades todas
Se vão mudando em astros...
A magua vae de rastros
Morrer na escuridão...
As amarguras doudas
Fogem como um lamento
Longe do Pensamento,
Longe do Coração.

E a Noite desce, desce
Como um sorriso doce,
Que em sonhos desfolhou-se
Na voz cheia de amor,
Da mãe que ensina a Prece
Ao filho pequenino,
De olhar meigo e divino
E labio aberto em flor.

Ah! como a Noite encanta!
Parece um Sanctuario,
Com o lindo alampadario
De estrellas que ella tem!
Recorda-me a luz santa,
Immaculada e pura,
Da grande noite escura
Do olhar de minha Mãe!