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ressaltar uma idéa comica, mas sim desnortear, aparvalhar o espectador.

A physionomia de que sae de uma destas exposições é das mais suggestivas. Nenhuma impressão de prazer ou de belleza denuncia as caras; em todas se lê o desapontamento de quem está incerto, duvidoso de si proprio e dos outros, incapaz de racionar, e muito desconfiado de que o mystificam grosseiramente. Outros, certos criticos sobretudo, aproveitam a vasa para «épater les bourgeois». Theorisam aquillo com grande dispendio de palavrorio technico, descobrem nas telas intenções e subintenções inacessiveis ao vulgo, justificam-nas com a independencia de interpretação do artista e concluem que o publico é uma cavalgadura e elles, os entendidos, um pugilo genial de iniciados da Esthetica Oculta. No fundo, riem-se uns dos outros, o artista do critico, o critico do pintor.

E' mister que o publico se ria de ambos.

Arte moderna, eis o escudo, a suprema justificação. Na poesia tambem surgem, ás vezes, furunculos desta ordem, provenientes da cegueira nata de certos poetas elegantes, apesar de gordos, e a justificativa é sempre a mesma: arte moderna. Como se não fossem modernissimos esse Rodin que acaba de fallecer deixando após si uma esteira luminosa de marmores diviṅos ; esse André Zorn, maravilhoso «virtuose» do desenho e