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da pintura ; esse Brangwyn, genio rembrandtesco da babylonia industrial que é Londres ; esse Paul Chabas, mimoso poeta das manhans, das aguas mansas, e dos corpos femininos em botão. Como se não fosse moderna, modernissima, toda a legião actual de incomparáveis artistas do pincel, da pena, da agua forte, da «dry point » que fazem da nossa época uma das mais fecundas em obras primas de quantas deixaram marcos de luz na historia da humanidade.

Na exposição Malfatti figura ainda como justificativa da sua escola o trabalho de um mestre americano, o cubista Bolynson. E' um carvão representando (sabe-se disso porque uma nota explicativa o diz) uma figura em movimento. Está alli entre os trabalhos da sra. Malfatti em attitude de quem diz: eu sou o ideal, sou a obra prima, julgue o publico do resto tomando-me a mim como ponto de referencia.

Tenhamos coragem de não ser pedantes : aquelles gatafunhos não são uma figura em movimento ; foram, isto sim, um pedaço de carvão em movimento. O sr. Bolynson tomou-o entre os dedos das mãos ou dos pès, fechou os olhos e fel-o passar na tela ás pontas, da direita para a esquerda, de alto a baixo. E se não o fez assim, se perdeu uma hora da sua vida puxando riscos de um lado para o outro, revelou-se tolo e perdeu o tempo, visto como o resultado foi absolutamente o mesmo.