E repentinamente, representando-lhe a memória os tempos da infância, arrasaram-se-lhe os olhos de lágrimas.
"Sem mais aquela concluiu Meyer, adeus. Felicidade e saúde. Teu irmão, Francisco dos Santos Pereira".
—Deveras, disse o mineiro depois de breve silêncio, adiantando-se para o alemão e apresentando-lhe a destra aberta, o Sr. me deu um fartão de alegria. Toque nesta mão e, quando ela se levantar para bulir num só cabelo de sua cabeça ou de alguém da sua família qualquer que seja o agravo que me possam fazer, seja ela logo cortada por Deus, que nos está ouvindo.
—Obrigado, Sr. Pereira, respondeu com animação o outro, retribuindo o aperto de mão e corroborando-o com um concerto de garganta.
—Sim, senhor, continuou o mineiro. Esta carta vale, para mim, mais que uma letra do Imperador que governa o Brasil. É o que lhe digo, Sr. Maia...
—Meyer, corrigiu o alemão apoiando com força na última sílaba, Meyer.
—Ah! é verdade. É preciso traduzir Meyer, Meyer. Agora já atinei com a coisa. Mas como ia lhe dizendo, esta casa é sua. Meu irmão, o meu irmão mais velho deu-me ordem para que eu o recebesse como se fosse ele mesmo em pessoa, o Chico;... acabou-se. O sr. é como se fosse dos meus. Não há que ver, é o que ele quer. Entendi logo; o mais é ser multo bronco e, com o favor de Deus, não me tenho nesta conta. O sr. ponha e disponha de mim, da minha tulha, das minhas terras, meus escravos, gado... tudo o que aqui achar.