e, fingindo-se admirada, perguntou muito baixinho e a balbuciar:

—Que vem... mecê... fazer aqui?... já... estou boa.

Da parte de fora, agarrou-lhe Cirino as mãos.

—Oh! disse ele com fogo, doente estou eu agora... Sou eu que vou morrer... porque você me enfeitiçou, e não acho remédio para o meu mal.

—Eu... não, protestou Inocência.

—Sim... você que é uma mulher como nunca vi... Seus olhos me queimaram... Sinto fogo dentro de mim... Já não vivo... o que só quero é vê-la... é amá-la, não conheço mais o que seja sono e, nesta semana, fiquei mais velho do que em muitos anos havia de ficar... E tudo, por quê, Inocência?

—Eu não sei, não, respondeu a pobrezinha com ingenuidade.

—Porque eu amo... amo-a, e sofro como um louco... como um perdido.

—Ué, exclamou ela, pois amor é sofrimento?

—Amor é sofrimento, quando a gente não sabe se a paixão é aceita, quando se não vê quem se adora; amor é céu, quando se está como eu agora estou,

—E quando a gente está longe, perguntou ela, que se sente?...

—Sente-se uma dor, cá dentro, que parece que se vai morrer.. Tudo causa desgosto: só se pensa na pessoa a quem se quer, a todas as horas do dia e da noite, no sono, na reza, quando se pede a Nossa Senhora, sempre ela, ela, ela!... o bem amado... e...