— E' a presença de Iracema que perturba a serenidade no rosto do estrangeiro?
Martim pousou brandos olhos na face da virgem:
— Não, filha de Araken: tua presença alegra, como a luz da manhã. Foi a lembrança da pátria que trouxe a saudade ao coração presago.
— Uma noiva te espera?
O forasteiro desviou os olhos. Iracema dobrou a cabeça sobre a espadua, como a tenra palma da carnaúba, quando a chuva peneira na varsea.
— Ella não é mais doce do que Iracema, a virgem dos labios de mel, nem mais formosa! murmurou o estrangeiro.
— A flor da matta é formosa quando tem rama que a abrigue, e tronco onde se enlace. Iracema não vive n'alma de um guerreiro: nunca sentio a frescura do seo sorriso.
Emudecerão ambos, com os olhos no chão, escutando a palpitação dos seios que batião opressos.
A virgem fallou enfim:
— A alegria voltará logo á alma do guerreiro branco; porque Iracema quer que elle veja antes da noite a noiva que o espera.