O Pagé rio; e seu riso sinistro reboou pelo espaço como o regougo da ariranha.
— Ouve seu trovão, e treme em teu seio, guerreiro, como a terra em sua profundeza.
Araken proferindo essa palavra terrivel, avançou até o meio da cabana; ali ergueu a grande pedra e calcou o pé com força no chão; súbito, abrio-se a terra. Do antro profundo sahio um medonho gemido, que parecia arrancado das entranhas do rochedo.
Irapuam não tremeu, nem enfiou de susto; mas sentio tuvar-se a luz nos olhos, e a voz nos labios.
— O senhor do trovão é por ti; o senhor da guerra, será por Irapuam.
O torvo guerreiro deixou a cabana; em pouco seu grande vulto mergulhou-se nas sombras do crepusculo.
O Pajé e seu irmão travarão a prática na porta da cabana.
Martim ainda surpreso do que vira, não tirava os olhos da funda cava, que a planta do velho Pagé abrira no chão da cabana. Um surdo rumor, como o echo das ondas quebrando nas praias, ruidava ali.