Timida e casta, cheia de ternura porque n’ella a alma absorve o corpo.
Assim como a flor precisa de um raio de sol, ella se não tivesse um raio d’esse sol do coração que Deus concede á uns como martyrio, e a outros como um percursor das alegrias celestes, definharia lentamente.
Eis a amiga de Palmyra. Tinha ella uma irmã, menina de oito annos, um irmão, mais velho que ella, o qual estudava então preparatorios para ir matricular-se na academia de S. Paulo.
Habitava então Nóla com sua familia, em uma chacara nas Laranjeiras.
Seu pae era um negociante rico.
Quando Palmyra entrou com sua mãe na sala de Nóla, esta que estava folheando um album, correu a ella e abraçou-a com vivacidade.
Um quarto de hora depois passeavam as duas, nas sinuosas e vicejantes alamedas do jardim.
Em poucas palavras Palmyra referio á sua amiga, a emoção que sentira pelo seu desconhecido visinho.
Nóla com enfantil curiosidade a escutava attenta.
— Minha querida, disse Nóla esboça o retrato do teu seductor, quero ver se merece um coração como o teu.
— Oh! minha querida Nóla não é um d’esses moços estonteados como os que se encontram nos bailes, nos salões, por toda parte emfim, que nos atormentam por toda a parte com a sua aborrecida adulação, ou com suas ainda mais aborrecidas pretenções. É um moço bonito, pallido, timido, que se consola com um unico olhar.
É uma imagem seductora emfim Nóla, que me appareceu, suave como a monotomia de minha existencia, calmo como a minha solidão.
Parece ser tão bom, tão terno, tão modesto...
— E elle te ama como mereces?
— Creio que sim, a julgar por seus olhos.
— Pobre amiga, já vejo que estás apaixonada por um medroso, e aposto que elle não te ama tanto como tu o amas.
— Creio que te enganas Nóla, o coração me diz que elle me ama tanto quanto eu o amo.
— Confidencia por confidencia, minha Palmyrinha. Tambem eu amo