e loucamente; mas aquelle a quem eu amo, é tambem moço, mas ardente, temerario, audaz.
A primeira vez que o vi, elle parou, levou a mão aos olhos e disse bastante alto para que eu pudesse ouvil-o: —«Há bellezas que deslumbram. Esta é uma d’ellas». No dia seguinte recebi um bilhetinho.
Passou a cavallo por aqui e jogou m’o dentro de uma luva de pellica.
Sabes o que dizia esse bilhete? Escuta. Eu o sei de côr.
«Senhora. Ha bellezas que deslumbram. Fascinado pela vossa belleza, eu só me julgo feliz quando vos vejo. Minha ventura n’isso se resume!
Se eu pudesse nutrir a esperança de ser por vos correspondido, eu me julgaria o mais feliz dos homens.
Para minha felicidade basta uma palavra, uma só!»— Um sim. — Proferido por vossa mimosa boca elle me será mais caro que a vida. Proferi essa palavra que eu vos deverei minha ventura.
— E o que respondeste Nóla.
— Eu?... Hesitei em responder-lhe, só no fim de tres dias e depois de ter recebido mais duas cartas que te lerei, é que eu na grade do jardim, quando elle passava, fingi que fallava com outra pessoa, e disse sim.
— És mais feliz do que eu que nem se quer uma unica palavra recebi, nem ouvi da boca d’elle. A moça acabava de proferir estas palavras, quando uma das escravas de Nóla, veio ao jardim chamal-as para tomarem chá. Tocando de leve no braço de sua senhora moça, disse-lhe ao ouvido.
— Senházinha, um moço, pedio muito a Justino que me entregasse uma carta, para eu dar a nhanhã Palmyra.
— Dá m’a disse Nóla eu lhe darei.
E recebeu a carta.
— Onde está elle?
— Elle foi para cima.
— A pé ou a cavallo.
— Foi a cavallo senházinha n’um cavallo escuro.
— Como está vestido, sabes?
— Está de calça branca, sobre casaca preta e chapéo de Chile. É um moço bonito, senházinha. Cabellos louros sem barba só seu bigode meio ruivo.
— Bem disse Nóla, diz-lhe que está entregue e que a resposta, só domingo á noite.
— Que segredo tamanho disse Palmyra.
— Segredo! disse Nóla, mal sabes tu minha querida que é a teu respeito. Depois do chá, no meu quarto te direi o que é.