O medico que o tratava, era o D’ Antonio José Peixoto de saudosa recordação.
Com rara sagacidade desconfiou o habil medico que alem do golpe que soffrera o moço, outra causa actuava n’aquelle cerebro.
A muito custo em um dos momentos de remissão da febre violenta que o devorava, conseguio saber o segredo de seus amores.
Alma generosa, e coração beneficiente tinha o D’ Peixoto.
Conversando com o amigo do moço disse-lhe : — Precisamos, custe o que custar que este moço veja ou tenha noticias da mulher por quem suspira.
Só uma reacção pode salval-o.
— Mas, doutor, o que havemos fazer se não temos relações com essa familia?
— Não sei, eu vou pensar e por minha parte farei o que poder.
— E se nada conseguirmos, perguntou o amigo.
— Então está perdido... morre de certo.
O D’ tinha amigos prestimosos, e o que pedia elle?
Pedia um favor para salvar um moço intelligente.
Dois dias depois, disse elle ao moço: — hoje, ha de vel-a. Quer?
O moço fez um movimento, e disse apenas:
— Quero vel-a e morrer.
— Es moço, deves viver meu amigo.
Elle não respondeu, suspirou apenas, e fechou os olhos.
— Pobre moço disse o doutor para o dono da casa, duvido que escape.
O tempo estava magnifico. Era um dia esplendido.
Onze horas tinham acabado de soar.
Ouvio-se o rodar de um carro.
Vieram dizer ao dono da casa, que duas senhoras desejavam ver o doente.
Era Palmyra e sua mãe.
O D’ Peixoto conseguira por intermedio de terceira pessoa que ella viesse ver o moço.
Vinham mãe e filha vestidas de preto.
Palmyra occultava o lindo e pallido rosto em negro véo.
As pessoas que estavam no quarto do doente levantáram-se a um tempo, como se fossem tocadas para uma commoção electrica.
Livida pallidez cobria o rosto do doente.
Ao contacto da mão de Palmyra abrio elle os olhos, tentou levantar a cabeça mas não pôde.