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A manhã veio surpreender Emília à janela. Estava só. Nem Valentim, nem a escada estavam ali.

Emília tinha as feições alteradas e os olhos vermelhos de chorar. Dissera-se a deusa da vigília vendo morrer no céu as últimas estrelas.

Quando ela reparou que era dita, já de há muito tinham as sombras da noite sido expelidas, e do oriente começavam a surgir os primeiros raios vivificantes do sol. Emília retirou-se para dentro.

Estava cansada. Mal pôde ir até o sofá. Ali lançou os olhos para um espelho que havia em frente e pôde ver a mudança do rosto e a desordem dos cabelos.

Então duas lágrimas correram-lhe pelas faces, e ela olhou para a janela como se ainda pudesse ver a imagem do amante.

Mas o cansaço e o sono venciam aquela fraca natureza. Quis resistir, não pôde. O espírito não podia mais sustentar aquela luta desigual.

Emília dirigiu-se para a cama e atirou-se a ela vestida como estava.

E adormeceu.