“Infante D. Diniz!—disse elrei, cujo rosto o furor mal reprimido demudára.—Soffredor e bom irmão tenho sido por largo tempo: não queiraes que seja hoje só juiz inflexível do filho querido daquelle que tambem me gerou! Infante D. Diniz! beijae a mão da mui nobre e virtuosa D. Leonor Telles, como fez vosso irmão mais velho, de quem devereis haver vergonha.” [1]
“Nunca um neto do D. Affonso do Salado—replicou o infante com apparenle tranquillidade—beijará a mão da que elrei seu irmào e senhor quer chamar rainha. Nunca D. Diniz de Portugal beijará a mão da mulher de João Lourenço da Cunha. Primeiro ella descera desse throno e virá ajoelhar a meus pés; que de reis venho eu, não ella.”
“De joelhos, dom traidor!—gritou D. Fernando, pondo-se em pé e descendo dous degraus do estrado.—De joelhos, vil parceiro de reveis sandeus! Se a taberna de Folco Taca vos ouviu fazer preito infame aos peões
- ↑ Dizendo elrei sanhudamente coulra elle: “Que non avia vergonça nenhuuma, beijarem a mão aa Rainha sua molher o Infante Dom Joham, que era moor que elle, e isso mesmo seu irmaão, e todollos outros lidallgos do reino, e el soomente dizer que lha nom beijaria, mas que lha beijasse ella a elle.” Fern. Lopes, Chr. d’elrei D. Fern cap. 62.