tinha diante de si tinteiro, pennas, e folhas avulsas de pergaminho, a seguinte nota:

“Item. Pera se spreuer a fl’olhas cento e vinte-oyto do llivro prymeyro da Chancelaria Delrrey noso senhor:—­Doaçom dos bees de rraiz e moviis de Joham Lobeira, confisquado e morto por treedor contra ho serviço de ssua rreal senhoria, ao muy nobre D. Gonçaalo Tellez, per ho muyito divedo que cõ elrrey ha, e polos muytos sserviços que del teè rreçebido e ao deante espera de rreçeber.” [1]

E o povo?... Oh, este sim! Mostrava-se agradecido e bom, no meio de tantas infamias e crimes.

Os populares, que, na manhan immediata áquella horrivel noite dos fins de maio, passavam pello terreiro maldict, onde pendiam da forca os tres cadaveres, meneavam a cabeça, e seguindo ávante diziam:

“Boa e prestes foi a justiça d’elrei nos traidores. Alcacer por sua senhoria!”

  1. a nota é imaginaria, mas esta mercê acha-se com effeito registada a f. 128 do L.º 1.º da chancellaria de D. Fernando; cumpre todavia advertir que dessa chancellaria apenas existe original o 3.º livro: o 1.º é dos reformados ou estragados por Gomes Eannes de Azurara.