por este nosso irmão, tomado do espirito immundo.”
A estas palavras, rei, cavalleiros, frades, povo, tudo se poz de joelhos. E ouvia-se ao longo das naves o sussurro das orações.
Só mestre Ouguet ficou sem se bulir com o rosto mettido entre as mãos.
O prior lançou a estola á roda do pescoço do possesso, e queria atar os tres nós do ritual; mas o paciente deu um estremeção, e tirando as mãos da cara, fez um gesto de horror, e gritou:
“Frade abominável, tambem tu és conluiado com o cégo?”
“Não ha duvida!—disse por entre os dentes o prior:—mestre Ouguet está endemoninhado.”
Tirando então da manga um pergaminho, em que estavam escriptas varias cousas de doutrina, o poz sobre a cabeça do mestre, fazendo sobre elle tres vezes o signal da cruz.
David Ouguet soltou então uma destas risadas nervosas, que horrorisam, e que tão frequentes são quando o padecimento moral sobrepuja as forcas da natureza.
“Cão tinhoso—bradou Fr. Lourenço—espirito das trevas, enganador, maldicto, luxurioso, insipiente, ebrio, serpe, vibora, vil e refece demónio,