era dado fazer pela gloria do Islam. Que mais pretendes?—Porque não tens nos labios para o pobre moribundo senão palavras de terror?—Porque ha tantos annos me fazes beber gole a gole a taça da desesperação?”
Os olhos do fakih, ao ouvir estas perguntas, brilharam com desusado fulgor, e um daquelles sorrisos diabolicos, com que costumava fazer gelar todas as ardentes idéas mysticas do principe, lhe assomou ao rosto enrugado e carrancudo. Contemplou por um momento o do velho monarcha, onde de feito já vagueavam as sombras da morte: depois dirigiu-se á porta da camara, assegurou-se bem de que não era possivel abrirem-na exteriormente, e voltando para ao pé do almatrah, tirou do peitilho um rôlo de pergaminho, e começou a ler em tom de indizivel escarneo:
“Resposta de Al-gafir o triste ás ultimas perguntas do poderoso Abdu-r-rahman, oitavo kalifa de Cordova, o sempre vencedor, justiceiro e bemaventurado entre todos os principes da raça dos Beni-Umeyyas. Capitulo avulso da sua historia.”
Um rir prolongado seguiu a leitura do titulo do manuscripto. Al-muulin continuou:
“No tempo deste celebre, virtuoso, illustrado e justiceiro monarcha havia no seu diwan