musas, nos zagaes, nas nymphas, na tuba de Calliope, ou na sanfona não sei de que deusa: lá, nas inspirações de Mr. Graham, eram as paixões, os vicios, os affectos personalisados quem fazia o serviço dos seus poemas: aqui a esperança, alli o desalento; ora a temperança, logo a desenvoltura. Aquella poesia frigidissima fazia-me lembrar do Olympo, do Pindo e da Castalia dos nossos arcades, e de algum modo me consolava das miserias domesticas, ao vêr que a poesia cadaverica das fórmas e convenções não vivia unicamente entre nós, mas ainda ousava no canal da Mancha misturar as suas semsaborias academicas com o bramido terrivel do vento, e com o ferver estrepitoso das vagas, que entoavam accordes a sublime invocação da procella.
O poeta esguio declamava as suas regrinhas lentamente e com todos os requebros da melopea ingleza, genero de canto semelhante ao gemer rabugento de uma creança na primeira dentição. O pobre diabo, posto que provavelmente acreditasse que nenhum de nós o entendia, pensava por certo que, nova especie de Orpheu, bastavam os sons das suas palavras harmoniosas para nos arrebatarem e extasiarem, a nós selvagens da Europa, como com tanta graça e verdade denominam os escrevinhadores