Pois sim! era bastante que aquelas duas mulheres trocassem as posições entre si, para que o decantado amor também trocasse de objetivo. Fosse a concubina morar com o amante, conviver com ele noite e dia; e começasse a esposa a ser visitada pelo marido somente de longe em longe, em furtivas escapulas, e veríamos qual delas seria, no fim de algum tempo, a mais amada e desejada — a amante de cama e mesa ou a esposa proibida?
Há muitos exemplos de marido, que só veio a amar deveras à mulher, depois que esta lhe fugiu para os braços de outro, ou de outros.
Quando um homem e uma mulher são condenados por lei a viver eternamente inseparáveis, o corpo pode ceder a tal violência, mas a imaginação, que é a mãe do amor, essa reage logo e foge, põe-se ao largo, onde as suas asas encontrem livre o espaço e o vôo franco. O espírito do homem é por natureza independente e só se poderá escravizar a uma mulher, o que não é tão comum, quando o faça, não por lei de qualquer espécie, mas por livre e espontânea vontade.