A legítima esposa, que vive inalteravelmente ao lado do marido, pode, a força de virtude e de bondade, conservar e até desenvolver a estima, a consideração e o respeito, que ele lhe tributa; pode ser amada moralmente. Mas o outro amor, o sensual, esse belo instinto tão necessário ao bom resultado da progênie, esse vai para a mulher ilegal, para a inconfessável amante, cujos beijos são mais apreciáveis, porque são mais raros, cujas horas de convivência são preciosas, porque são contadas, minuto a minuto, e cujo ligeiro contato de corpo é sempre, para ele, um gozo conquistado, seja pela ternura, seja pelo dinheiro, e nunca um dever imposto por lei ou um direito exercido com sacrifício.
Estava afinal achado o X do meu grande problema. Consistia em nada mais do que uma pequena inversão de princípios. O meu raciocínio concludente era tudo o que há de mais simples; era o simples:
Um casal vulgar só pode ser feliz enquanto dura de parte a parte a ilusão do