de vista um só momento, rondava-os, fariscava-lhes os passos, como se vigiasse a rapariga contra um estranho mal intencionado; perseguia o genro só pelo gostinho de atormentá-lo; contrariava-o nas suas mais justas pretensões de marido, azedando-lhe a existência, intrometendo-se na sua vida íntima, desunindo-o da mulher, sobre quem conservava os mais despóticos direitos.
Causava-me ele verdadeira compaixão.
Um dia vi-o entrar por minha casa, desesperado, aflito, e atirar-se a uma cadeira, soluçando. Sem que lhe apanhasse uma só palavra das muitas que os seus soluços retalhavam, consegui, de dois dos seus monossílabos mais estrangulados, perfazer a de "Sogra", e exclamei-lhe desabridamente:
— Mas com um milhão de raios! por que não te livras por uma vez dessa víbora?!
— Livrar-me, como?! De que modo?! perguntou-me o infeliz entre dois arquejos.
— Ora, como?! De que modo?! Seja lá como for! Foge, ou torce-lhe o pescoço! Atira-a no meio da baía! Sacode-a do alto do Pão-de-Açúcar!
— Impossível! Amo loucamente minha mulher, e minha mulher